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O governador Blairo Maggi (PR) alerta que Mato Grosso será a médio prazo o foco de debates mundiais sobre a problemática envolvendo a produção de alimentos. De acordo com o megaprodutor, a conjuntura leva a crer que em no máximo 10 anos terá de se decidir entre apoiar o cultivo em áreas marginais ou estimular a abertura de novas áreas de vegetação.O alerta vermelho é acionado no momento em que duas situações delicadas se interligam: a alta generalizada nos preços dos alimentos em vários pontos do mundo e, no cenário local, a leva de críticas à política ambiental e retaliações comerciais a produtos agropecuários de origem mato-grossense.
Segundo Maggi, o debate no futuro será inevitável e deverá ser instigado por setores da sociedade civil organizada e governo. Ele explica que a questão central passará taxativamente em analisar se a atividade agrícola preencherá áreas marginais, com baixa produtividade e portanto com uma maior custo de produção, ou se a alternativa admissível será a abertura de novas áreas.
Na primeira hipótese, os debates passam pelo subsídio à produção agrícola, prática condenada hoje em diversos países. Na segunda tese, as implicações permeiam um campo hoje espinho na cena ambiental: A revisão dos percentuais de preservação de matas em propriedades rurais. Maggi lembra que alguns estudos científicos apontam que o percentual aplicado em áreas cravadas no bioma amazônico poderia ser reduzido de 80% para 50%.
“Nessa alta dos preços dos alimentos temos o claro cenário em que a produção não cresce no mesmo ritmo em que aumenta a demanda mundial. O Brasil, e não só Mato Grosso, terá um papel fundamental nisso. Haverá de se fazer uma escolha”. A grosso modo, o governador avalia que ainda há hoje uma margem à abertura de novas áreas, com desmatamentos legais, de cerca de 5%. Com isso, extensão de áreas voltadas à agropecuária passariam de quase 35% atualmente para 40% do território mato-grossense. Hoje, dados apontam que cerca de 9% são ocupados pela agricultura e cerca de 25% por pastagens utilizadas pela pecuária.
Maggi admite que não há de se recorrer aos desmatamentos legais sem que se reconheça que há danos parciais ao meio ambiente. “Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. Mas há caminhos para um meio termo. De qualquer forma, terá que se discutir como alimentar a população mundial e combater a fome”, ressalta o governador.